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Comando da Petrobras enfrenta pressão contra venda de Braskem

O comando da Petrobras enfrenta pressão interna contra a potencial venda das ações que detém na Braskem para a LyondellBasell. Conforme o Valor apurou, um grupo de técnicos da estatal tenta dissuadir conselheiros e o alto escalão de aprovarem o exercício do direito de acompanhar a sócia Odebrecht numa possível transação. A visão desse grupo é que a saída do setor petroquímico vai na contramão do que estão fazendo grandes petroleiras globais, com mais investimento em verticalização e expansão em químicos.

Odebrecht e Lyondell negociam desde 15 de junho, com acordo de exclusividade, uma combinação das empresas. A Braskem pode ser avaliada por mais de R$ 50 bilhões - acima de US$ 13 bilhões - para a aquisição. Juntas, a petroquímica brasileira e a holandesa resultariam na maior produtora global de resinas de plásticas com potencial para valer perto de US$ 60 bilhões na Nyse, a bolsa americana.

A posição desse grupo ganhou fôlego com a saída de Pedro Parente da presidência da Petrobras e o início das conversas sobre o novo planejamento estratégico da estatal, que valerá para o período de 2019 a 2023. O plano em vigor, de setembro de 2016, prevê que a Petrobras se retire da petroquímica.

O novo presidente, Ivan Monteiro, adotou um tom cauteloso sobre o futuro dessas ações. Em diferentes entrevistas, admitiu a possibilidade de a estatal permanecer como sócia da LyondellBasell após a combinação de ativos com a Braskem e, recentemente, falou que a estatal precisa "repensar o setor petroquímico".

Mas a interlocutores o executivo tem reiterado que segue disciplinado em relação ao plano de venda de ativos - cuja meta é de US$ 21 bilhões em 2018 - e à melhoria das métricas financeiras da Petrobras, com foco no pré-sal.

A percepção na Odebrecht e na Lyondell, conforme fontes de mercado, é a de que, apesar do debate interno, nada mudou em relação ao início das conversas e a Petrobras deve se desfazer das ações.

Pelo acordo de acionistas, a estatal tem o direito de vender suas ações junto com a Odebrecht ou exercer a preferência e comprar.

Na avaliação de fontes, as discussões podem levar Monteiro a mudar de ideia sobre a relevância do setor petroquímico, mas sem atrapalhar a venda da Braskem.

Tão logo assumiu a presidência da estatal, segundo relato de fontes, cresceu a pressão sobre o executivo para que reconsiderasse algumas das diretrizes do planejamento estratégico de setembro de 2016. O plano, lançado por Parente, prevê que a Petrobras se retire integralmente dos negócios de fertilizantes, petroquímica, biocombustíveis e distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP), com foco em atividades "com maior potencial de desenvolvimento".

Como parte do debate para o novo plano, a Petrobras realizou na semana passada um seminário interno sobre perspectivas para a indústria petroquímica e a estratégia das petroleiras. Com o avanço dos veículos elétricos ou híbridos e dos biocombustíveis, a demanda mundial por combustíveis fósseis vai crescer a taxas cada vez menores, enquanto o consumo de químicos ganhará velocidade.

Em artigo recente, a consultoria especializada MaxiQuim destacou que as novas refinarias na Ásia e no Oriente Médio produzem pelo menos o dobro do volume de petroquímicos por barril de petróleo em relação aos complexos atuais. Para IHS Markit, nos próximos dez a 20 anos, enquanto a demanda global por químicos deve crescer 4% ao ano, acima do PIB mundial, o consumo de combustíveis para transporte deve avançar apenas 1% ao ano. Shell e Saudi Aramco estão entre as grandes que ampliaram apostas na verticalização.

Conforme uma fonte, mesmo que o novo plano traga algum posicionamento diferente em relação ao setor petroquímico, a Petrobras seguiria disposta a analisar o negócio com os holandeses.

A crença de que a decisão de saída da Braskem está tomada e dificilmente mudará é reforçada pelo fato de que a estatal chegou a contratar, neste ano, Santander e Bradesco para conduzir a venda das ações que possui diretamente na bolsa - passo que depende, particularmente no caso da Petrobras, de decisões do alto escalão.

O Valor apurou que a equipe da LyondellBasell já visitou todas as unidades fabris da Braskem no Brasil e a expectativa é a de que a due diligence iniciada em julho acabe no fim deste mês. A partir desse momento, as discussões vão esquentar em torno do valor e das condições da operação.

A estrutura perseguida, mas que ainda não foi finalizada, é a aquisição por meio de uma incorporação da Braskem pela Lyondell, que resulta na absorção completa da empresa. Na troca de papéis, os acionistas da companhia brasileira poderão monetizar parte do que receberem. Com isso, a operação será igual para todos os acionistas da Braskem, controladores e minoritários de mercado.

O negócio, contudo, tem complexidades que vão além do consenso em torno do preço. Enquanto negocia condições de avaliação da Braskem com a Odebrecht, a Lyondell precisa negociar um contrato de abastecimento com a Petrobras.

No dia 1º, o principal executivo (CEO) da LyondellBasell, Bob Patel, esteve no Ministério de Minas e Energia (MME) numa tentativa de medir a temperatura da operação junto ao governo brasileiro. A audiência estava marcada com o ministro Moreira Franco, que não pode comparecer.

Procuradas, Odebrecht e Petrobras não quiseram comentar o assunto.





Valor Econômico




 
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