A indústria naval brasileira já poderia construir navios por preços e prazos bem menores. A afirmação é do presidente da Câmara Naval e Offshore da Abimaq, Cesar Prata, que defendeu a aplicação do modelo construtivo japonês, no qual blocos do navio são terceirizados. “Já existem mais de dez empresas preparadas para construir, transportar e entregar blocos na porta do estaleiro (no Brasil)”, afirmou.

Segundo Prata, o estaleiro fica mais "enxuto" e produtivo, podendo se dedicar mais ao "core business".

“Grandes estaleiros brasileiros deveriam dedicar-se preferencialmente a obras mais complexas, como plataformas, sondas e navios especializados”, ponderou Prata, afirmando que o conceito já é adotado no país por estaleiros menores. “São eles que incitaram a formação e mantém estes fabricantes de blocos ativos”, acrescentou.

Para o dirigente, uma planta bem planejada pode entregar mais de um navio de 150 a 400 metros de comprimento por mês. “As ineficiências de layout, produtividade e infraestrutura do entorno são minimizadas nos grandes contratos”, argumentou. “Faltam estaleiros de alta eficiência em navios maiores e de baixo valor agregado”, resumiu.

Prata receia que a falta de estaleiros com este perfil comprometa não só o crescimento da indústria naval como atrase o desenvolvimento do pré-sal. “Em 2008, o Brasil abriu mão de construir 12 sondas por falta de estaleiros dedicados ao offshore”, lembrou.

O dirigente ressalta que já existe um gargalo para novas encomendas de navio. “Temos sido procurados por armadores brasileiros e estrangeiros que gostariam de construir no Brasil e não conseguem”, revelou, fazendo mais um alerta: “Com o comércio exterior em queda entre economias do hemisfério norte, muitos operadores querem construir aqui para usufruir de uma regra, que estende o benefício de bandeira brasileira para um navio estrangeiro para cada navio construído no país”, afirmou.

No Japão, empresas especializadas na construção de blocos em série são criadas e controladas por estaleiros e siderúrgicas para eliminar a incidência de parte da tributação e custos logísticos, já que estão situadas em plantas contíguas às siderúrgicas.